Portugal observa...?
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Angola luta pelo reconhecimento
do português como língua
de trabalho na UA
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Terça-feira, 06 de Fevereiro de 2007
O analista para os assuntos africanos, Manuel Muanza, considera que Angola tem toda a razão ao tencionar exercer pressão para conseguir uma maior valorização da lusofonia, enquanto fizer parte dos principais órgãos de decisão da União Africana (UA). Para o também jornalista e docente universitário, o facto de Angola ser o maior país lusófono em África dá-lhe o direito de promover a língua portuguesa na UA já que é a língua oficialmente adoptada no país. «Além disso, a adopção da língua portuguesa pode permitir que quadros angolanos se sintam mais à vontade e tenham oportunidade de pertencer a diferentes órgãos da União Africana tal como se assiste a presença de países de língua francesa e anglófona. Tem havido alguma desvantagem e desequilíbrio em relação à presença dos quadros da comunidade lusófona em diferentes organizações sobretudo devido a essa constrição e esta dificuldade que se coloca no domínio linguístico». A questão que se coloca é se Angola vai poder contar, nesta empreitada, com o concurso de outros países falantes do português no continente, tendo em conta que a sua maioria não têm tido o direito ao voto em muitas sessões por causa das dívidas. Manuel Muanza acredita que a realização deste tipo de intenções passa por negociações diplomáticas e por compromissos que podem ser assumidos, no caso, por Angola, para ajudar os países que menos possibilidade têm para resolver as suas participações financeiras. «Isto também vai forçar os países da comunidade lusófona a reverem a sua gestão dos assuntos internacionais e também concertarem melhor as vias de participação. Até aqui o que se nota é que tem havido praticamente uma individualização de acções e a pretensão agora de fazer a língua portuguesa como uma língua efectiva da organização vai levar a que haja concertos constantes que possam ajudar a introduzir uma espécie de ajuda mútua da comunidade». Segundo a edição electrónica da Pana-Press, o nosso país quer começar por bater-se pela operacionalização do Centro de Língua Portuguesa (CLP) acordado no ano passado entre Portugal e a instituição panafricana. O CLP teria assim como função real o treinamento de toda a estrutura da União Africana ligada à língua portuguesa, nomeadamente nas áreas de tradução, interpretação e consultoria. Por outras palavras, Angola pretende que no futuro a língua de Camões seja utilizada nas actividades da UA, visto que existem actualmente dificuldades na circulação da informação em português no seio da organização onde a prioridade vai para o inglês e o francês. Angola, foi eleita membro do Conselho de Paz e Segurança, do Painel Eleitoral, e do Bureau da Conferência da UA da qual assume a segunda vice-presidência, no decurso da última Cimeira da União Africana que decorreu na capital etíope, Addis Abeba. Enquanto o primeiro é o principal órgão de funcionamento da UA com responsabilidades na garantia da estabilidade, paz e segurança no continente, o segundo tem a incumbência de fiscalizar os processos de eleição do presidente da Comissão da organização e seus colaboradores. Por seu lado, o Bureau da Conferência da UA constitui o órgão executivo que passa a dirigir as actividades da União no intervalo anual das cimeiras ordinárias dos chefes de Estado. Segundo a fonte, Angola diz assim estar consciente de que as suas responsabilidade decorrentes dessa múltipla eleição deverão ser exercidas não só em nome da região geográfica de que é parte integrante, a África Austral, mas também no dos Estados do grupo linguístico a que pertence, os quais «assumem colectivamente esta nova vitória diplomática de Angola».(VR)
Etiquetas: Angola, União Africana